Os Fantasmas se Divertem / Beetlejuice


3.0 out of 5.0 stars

Anotação em 2008: Não sei como as pessoas classificam o estilo de Tim Burton, mas o que me ocorreu, logo depois de ver Beetlejuice pela primeira vez, numa sessão da tarde, 20 anos depois que o filme foi feito, é que o visual dele é surreal-psicodélico-gótico.

Pensei também que muito do sensacional visual dos dois MIBs, os Homens de Preto, vem deste filme aqui.

A história é uma imensa e deliciosa bobagem. Um jovem casal feliz, Adam e Barbara (Geena Davis e Alec Baldwin, jovens demais, com caras de bebês), sai de sua casinha feliz de carro para fazer compras na loja da pequeníssima cidadezinha em que vivem, em Connecticut, e na volta, para não atropelar um cachorro, cai no rio e morre.

Adam e Barbara reaparecem na sua casinha feliz para constatar o inevitável: sim, estão mortos. E pouco depois chega à casa deles uma família que acabou de comprar o imóvel; a família é absolutamente disfuncional, desagradável e doida: a mulher (Catherine O’Hara) se acha uma grande artista plástica, e a filha do marido, enteada da mulher, é uma adolescente dark, gótica, melancólica, entediadíssima, que pensa na morte quase todo o tempo – um papel perfeito para o talento de Winona Ryder, essa atriz extraordinária que já era ótima aos 17 anos.

A madrasta quer reformar inteiramente a casa – e o casal de mortos fará de tudo para assombrar, assustar, botar a família para correr. Sem qualquer sucesso.

zzzzjuice

O que importa é o visual fantástico, fascinante. Tim Burton cria figuras e ambientes absolutamente monstruosos, malucos, brilhantes, como a repartição pública onde os mortos vão pedir ajuda e assistência social. A mulher que vai cuidar do jovem casal, Juno (Sylvia Sidney), fuma e a fumaça sai por um gigantesco corte no pescoço dela. Uma mulher que espera sua vez tem o corpo dividido ao meio; alguns mortos têm o rosto do tamanho de uma bola de tênis. São dezenas, dezenas de criaturas com visual louquíssimo. Um corredor é completamente torto, exatamente como se tivesse saído de um quadro de Salvador Dalí, como Mary observou na hora.

É um visual que torna o de Poltergeist fichinha, brincadeira de criança.

E o personagem título, o Beetlejuice de Michael Keaton – um bio-exorcista, como ele mesmo se define – é um dos fantasmas mais pirados, mais doidos que já passaram pela tela.

Mas é Winona que rouba totalmente a cena, como a única viva que, por pensar tanto na morte, consegue ver os mortos Adam e Barbara, e se comunicar com eles. Winona dançando no ar e dublando Harry Belafonte em Jump in the Line (Shake, Shake, Señora), é espetacular.

(Aliás, o filme tem umas três ou quatro músicas de Belafonte, da época do calipso.)

Ah, sim: Mary reparou uma coisa ótima. A trama básica do filme – aqui levada no escracho, na brincadeira – é bem parecida com a de Os Outros/The Others, de Alejandro Amenábar, de 2001, um dos melhores, mais apavorantes filmes de terror que eu já vi.

Vou agora aos alfarrábios.

Foi o segundo longa-metragem dirigido por Tim Burton, depois de As Grandes Aventuras de Pee Wee/Pee Wee’s Big Adventure; em seguida ele faria Edward Mãos de Tesoura/Edward Scissorshands, também com a maravilhosa Winona, e depois os dois Batmans, de 1989 e 1992.

Foi o terceiro filme da carreira de Winona. Geena Davis havia estreado em Tootsie, em 1982, e nos seis anos até este filme fez vários episódios de séries de TV e o papel feminino central da refilmagem de A Mosca/The Fly, de 1986.

O filme ganhou o Oscar de maquiagem – e o trabalho de maquiagem realmente é impressionante. Teve outros seis prêmios e oito indicações.

Os Fantasmas se Divertem/Beetlejuice

De Tim Burton, EUA, 1988.

Com Alec Baldwin, Geena Davis, Michael Keaton, Winona Ryder, Catherine O’Hara, Jeffrey Jones, Sylvia Sidney

Roteiro Michael McDowell e Warren Skaaren

Baseado em história de Michael McDowell, Larry Wilson e Tim Burton

Fotografia Thomas E. Ackerman

Música Danny Elfman

Produção Geffen Company

Cor, 92 min

***

Título em Portugal: Os Fantasmas Divertem-se

15 Comentários para “Os Fantasmas se Divertem / Beetlejuice”

  1. o filme e otimo mas eu queria saber quem canta a musica ah hora q eles estao todos reunidos na mesa d maos dadas

  2. Caro Israel, não me lembro da música a que você se refere. Em todo caso, aí vai a relação das músicas tocadas no filme, segundo o iMDB; espero que isso possa ajudar.

    “Day-O”
    Written by Irving Burgie (as Lord Burgess) and William A. Attaway
    Performed by Harry Belafonte
    Courtesy of RCA Records

    “Man Smart, Woman Smarter”
    Written by Norman Span
    Performed by Harry Belafonte
    Courtesy of RCA Records

    “Sweethart from Venezuela”
    Written by Fitzroy Alexander and Robert Gordon (as Bob Gordon)
    Performed by Harry Belafonte
    Music arranger Robert Gordon
    Courtesy of RCA Records

    “Jump in the Line (Shake Señora)”
    Music by Rafael de León, Gabriel Oller and Steve Samuel
    English lyrics by Stephen Somvel
    Performed by Harry Belafonte
    Courtesy of RCA Records

    “I Dream”
    by Areza Riandra

    “Marcha funebre, Sonata Piano No. 2”
    Written by Frédéric Chopin

    “The Light Cavalry”
    Written by Franz von Suppé

    “Lohengrin”
    By Richard Wagner

  3. Beetlejuice, Beetlejuice, Beetlejuice. O filme eh bom. Algo importante: o nome do fantasma eh surreal: Suco de Beterraba. Seu post me lembrou que a direção eh de Tim Burton. E isso eh obvio depois da lembrança. Eh a cara dele. E também lembrei dos 2 Batman dele, com um Coringa a la Beetlejuice.

  4. eu rio só de imaginar o burton , depois desse desempenho sobrenatural e sensacional do keaton: foda-se, VOCÊ será o BATMAN!
    ahuahuahauha
    ps: e isso é bom, mto bom esse escracho todo , que parece sério ainda por cima! adoooooroo
    adoro tim burton, keaton, wynona e a futilzinha ohara.

  5. Eu tenho apenas 17 anos mas já assisti umas mil vezes esse filme foi uns dos filmes que mais gostei em minha vida, queria que passasse de novo na TV.

  6. A musica citada pelo Israel é “Banana Boat o Day”, Harry Belafonte. Existe, inclusive, uma gravaçao do Wilson Simonal.

  7. Esse filme é ótimo e, o mais interessante, não ficou datado!
    E por falar em ” Os Outros/The Others” não achei nenhum post sobre ele…

  8. Pois é, Dininha. A falta de “Os Outros” (beleza de filme, né?) é uma das muitas, muitas, muitas lacunas deste site…
    Um abraço.

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